quinta-feira, 4 de junho de 2009

Folheto para os Estatistas

por Stefan Molyneux

Interessado na eficiência, eu decidi destilar cada argumento que já tive com o Estatista padrão, assim eu posso distribuir àqueles que argumentam que o governo é algo voluntário, que se eu não gostar dele eu posso ir embora, que impostos não são violência, etc.

Eu achei que isso aqui também poderia ser útil para você, já que a vida é curta.

Eu: Diga-me, você acredita que a violência é um mal?

Estatista: Sim, violência é um mal – a não ser em legítima defesa.

Eu: De acordo, a não ser em legítima defesa. Então, diga-me, como você acredita que os problemas deveriam ser resolvidos se nós não devemos usar a violência?

Estatista: Bem, eu acho que as pessoas deveriam se tornar mais ativas no governo e que o governo deveria realizar ABC, X, Y e Z.

Eu: Mas como é que você concilia a sua objeção à violência com o seu apoio aos programas do governo, visto que os programas do governo são pagos através da cobrança de impostos, a qual é violenta?

Estatista: Ahn? Do que você está falando? A cobrança de impostos não é violenta.

Eu: A cobrança de impostos é violenta, uma vez que se você não pagar seus impostos, você é seqüestrado sob a mira de uma arma e jogado numa jaula, lugar no qual se você tentar sair, levará um tiro.

Estatista: Mas estamos em uma democracia, onde nós escolhemos nossos próprios governantes.

Eu: Ser ofertado com duas alternativas violentas não é o mesmo que ser livre para escolher. Se o dono de uma loja tiver de escolher a qual gangue da Máfia ele terá de pagar a “taxa de proteção”, pode-se realmente argumentar que ele é “livre” para escolher? Se uma mulher puder escolher dentre dois potenciais maridos – mas será forçada a se casar com um deles – pode ser dito que ela está realmente escolhendo o casamento? As pessoas só podem escolher governos livremente se elas tiverem a alternativa de não escolher governos.

Estatista: Mas há um “contrato social”, que amarra as pessoas aos seus governos.

Eu: Não há tal coisa como um “contrato social”. A não ser que for dada uma procuração, as pessoas não podem assinar contratos legitimamente em nome de outras. Se um homem tem unilateralmente o poder de impor a sua vontade em outro homem e chama isto de “contrato”, então logicamente um homem pode roubar de uma mulher e chamar isto de “caridade”.

Estatista: Mas eu aceito o contrato social – e você também aceita se dirige nas estradas.

Eu: Primeiramente, a sua escolha de honrar um contrato não dá a você o direito de me forçar a honrá-lo. Você pode escolher comprar uma casa, mas não pode legitimamente me forçar a pagar por ela. Se você forjar a minha assinatura, eu não sou obrigado a honrar o contrato – e eu nunca consenti com nenhum “contrato social” de qualquer tipo. Em segundo lugar, é verdade que eu uso serviços do governo, mas isto é irrelevante para a questão moral central da violência. Se um escravo aceita uma refeição de seu senhor, ele está aceitando a escravidão?

Estatista: Eu suponho que não. Ainda assim, você implicitamente aceita o contrato social por continuar vivendo em um país, conforme Sócrates argumentou.

Eu: Posso eu legitimamente criar um “contrato social” que me permita roubar qualquer um que viva na minha vizinhança – e dizer que se estas pessoas continuarem morando na “minha” vizinhança, elas estarão expressamente consentindo com o meu novo contrato?

Estatista: Bem, não, mas nós estamos falando de governos, não de indivíduos...

Eu: Mas não é o governo composto de indivíduos? Não é “o governo” apenas um rótulo para um grupo de pessoas que reivindica o direito moral de iniciar a força contra os outros – um direito que ele define como mal para aqueles contra os quais ele usa a força? Se você retirar todos os indivíduos que compõe “o governo”, você ainda tem um governo?

Estatista: Suponho que não. Mas isto está fora do ponto – você diz que a cobrança de impostos é violenta, mas eu paguei meus impostos a minha vida inteira e nunca tive uma arma apontada na minha cabeça.

Eu: Claro, e um prisioneiro não será baleado se ele não tentar escapar. Se um escravo obedecer aos desejos de seu senhor por causa da ameaça de violência, a situação é absolutamente imoral. Precisaria que a Máfia de fato queimasse a sua loja para que a ameaça fosse violenta?

Estatista: Não – porém, eu não aceito a premissa de que o governo usa a força para extrair impostos de seus cidadãos.

Eu: Tudo bem – tem algo que o governo faça que você discorde? Você concorda, por instância, com a invasão do Iraque? [Continue perguntando até você achar algum programa que o Estatista considere abominante]

Estatista: Bem, eu acredito que a invasão do Iraque foi moralmente errada.

Eu: Por quê?

Estatista: Porque o Iraque não fez nada para ameaçar os Estados Unidos.

Eu: Certo, então é uma iniciação de força, não legítima defesa. Agora – você se dá conta de que a Guerra no Iraque só é possível porque você paga os seus impostos.

Estatista: Em certa medida, é claro.

Eu: Se a guerra no Iraque é moralmente errada, mas é apenas possível porque você paga os seus impostos – e os seus impostos não são extraídos de você através da força – então você está voluntariamente financiando e permitindo aquilo que você chama de mal. Você poderia explicar isto para mim?

Estatista: Eu pago os meus impostos porque eu sou um cidadão deste país. Se eu discordo da guerra, então eu deveria concorrer a um cargo e tentar mudar isso.

Eu: Certo, se você fosse contra o abuso de crianças, você iria voluntariamente financiar um grupo dedicado a abusar de crianças?

Estatista: É claro que não!

Eu: E se você de fato reivindicasse ser contra o abuso de crianças e voluntariamente financiasse um grupo dedicado a abusar de crianças, então eu dissesse que você deveria parar de financiá-lo e você replicasse que não iria – mas que se alguém de fato se opusesse a este grupo abusivo, deveria tentar se infiltrar neste grupo, tomar o controle dele e de alguma forma fazê-lo parar de abusar de crianças, isto faria algum sentido?

Estatista: Receio que não.

Eu: Se você fosse contra a guerra do Iraque, mas ao mesmo tempo fosse um voluntário dela – e aceitasse lutar sem um salário, e pagar do seu próprio dinheiro todos os seus gastos, você entende que esta sua posição seria completamente incompreensível? Você reivindicaria ser contra algo – e então gastaria uma enorme quantidade de tempo, esforço, dinheiro e recursos dando suporte a isso.

Estatista: Sim, isso faria pouco sentido.

Eu: Então você vê que a sua posição de que a guerra no Iraque é moralmente má, mas que você está voluntariamente financiando isto através dos impostos não faz sentido algum? Se a guerra no Iraque é moralmente má, mas é apenas possível com o seu financiamento voluntário, então continuar financiando é admitir abertamente que ela não é moralmente má. Se você é forçado a financiar a guerra no Iraque, você ainda pode manter que ela é moralmente má, porque ela é a iniciação do uso de força. Porém, a cobrança de impostos, que também é iniciação do uso de força contra você, também deve ser moralmente má, porque você é forçado a financiar a iniciação da força contra outros. Portanto, ou a cobrança de impostos é violência, ou você é a pior forma de hipócrita moral, por voluntariamente dar suporte àquilo que você chama de mal. Isso faz sentido?

Estatista: Eu certamente vejo a posição.

Eu: Você pode encontrar alguma falha lógica na minha posição.

Estatista: Não, mas eu ainda acho que você está errado.

Eu: Bem, eu certamente estou feliz pelo fato de você estar lendo este artigo ao invés de debatendo diretamente comigo, porque como eu já havia dito no começo, a vida é muito curta para perder tempo argumentando com tolos.

Original "Handout for Statists" em: http://www.strike-the-root.com/72/molyneux/molyneux4.html